Partindo do pressuposto básico de que as pessoas não se casam para ser feliz, mas, para fazer outra feliz, pode-se considerar que, atualmente, esses valores foram invertidos. A felicidade e a realização pessoal ficam em primeiro plano, fazendo com que o egoísmo não só seja endêmico, mas também estimulado e festejado, tendo-se a fórmula para a desordem matrimonial.
Com o individualismo em voga, a abordagem a respeito da família também se modifica. Uma vez que não se satisfaz mais com a união conjugal existe a possibilidade do divórcio. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) confirmam o crescente número de divórcios no Brasil. Em 2006, segundo dados do instituto, houve um acréscimo no número de divórcios de 7,7%. Nas palavras do próprio instituto: “Enquanto as separações judiciais mantiveram-se estáveis em relação a 2005, com taxa de 0,9%, os divórcios cresceram 1,4%. Esse resultado revela uma gradual mudança de comportamento na sociedade brasileira, que passou a aceitar o divórcio com maior naturalidade, além da agilidade na exigência legal, que para iniciar o processo exige pelo menos um ano de separação judicial ou dois anos de separação de fato” .
A conhecida frase, “até que a morte nos separe”, pronunciada nas cerimônias de casamento, foi desconstruída, fazendo com que não se considere essas uniões como verdade absoluta. Observa-se uma cultura que não honra o casamento como uma união permanente, em que se trocam alianças e promessas. Grudem diz: “Uma pesquisa recente relatou que bem mais da metade das pessoas que assistem a uma cerimônia de casamento num sábado qualquer não acredita que os votos que estão escutando serão honrados” .Na maioria dos casos, não há mais a pretensão de se honrar aquilo que foi prometido no altar.
Não só o número de divórcios têm aumentado, como também o número de famílias desestruturadas. No que tange à educação, observa-se que as famílias delegaram a tarefa de educar os filhos para outras agências socializadoras, como as escolas, por exemplo. Neste caso, as crianças ficam um tempo maior na escola do que com os pais em casa. Em conseqüência disso o diálogo diminui e os grandes influenciadores na vida das crianças acabam por serem os professores.
Contudo, observa-se também que o avanço dos meios de comunicação contribuem para a falta de diálogo em casa. Parece até um paradoxo, mas, o avanço dos meios de comunicação atrapalharam a comunicação no lar. Pela necessidade de informação constante, há uma demanda maior para adquiri-la e assimilá-la. Assim, os pais acabam dedicando um tempo maior para a informação do que para os filhos.
Sem diálogo, as crianças não possuem um referencial seguro. Para a autora do livro “Conselhos Legais: ECA, das leis aos projetos concretos”, resultado de uma dissertação de mestrado, a advogada Anelis Kokol diz: “A falta de diálogo é um dos fatores que desencadeia o envolvimento com as drogas, pois para os adolescentes essa é uma forma de chamar a atenção dos familiares”. Para ela, o envolvimento de adolescentes ao uso de drogas está ligado à desestrutura familiar.
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